STF RETOMA JULGAMENTO DA TRAMA GOLPISTA COM VOTO DE FUX; MAIORIA PODE SER FORMADA NESTA QUARTA

Imagem: Julgamentos da Ação Penal (Foto: Gustavo Moreno/STF)

O Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta quarta-feira (10) o julgamento da chamada “trama golpista” com o voto do ministro Luiz Fux, terceiro a se manifestar na análise que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus. Até agora, os ministros Alexandre de Moraes — relator do caso — e Flávio Dino já votaram pela condenação de todos os acusados.

Com o posicionamento de Fux, pode ser formada a maioria pela condenação no colegiado da Primeira Turma do STF. Após ele, ainda restarão os votos dos ministros Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado.

A ação penal investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. Os crimes teriam sido articulados dentro da estrutura do próprio governo federal e com apoio de integrantes das Forças Armadas, segundo o Ministério Público Federal e os votos já apresentados na Corte.

Divergência sobre grau de culpabilidade

Embora tenha acompanhado o relator no sentido da condenação, o ministro Flávio Dino fez distinções no grau de participação entre os acusados. Para Dino, Bolsonaro e seu ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto tiveram papel de liderança e “domínio dos fatos”, enquanto outros réus, como os ex-ministros Paulo Sérgio Nogueira, Augusto Heleno e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), tiveram atuação secundária.

“Não há dúvida de que os níveis de culpabilidade são diferentes”, afirmou Dino, sinalizando que pretende aplicar penas mais brandas a esses três réus durante a fase de dosimetria.

Moraes: “organização criminosa liderada por Bolsonaro”

Na sessão anterior, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que Bolsonaro liderou uma organização criminosa com o objetivo de se manter no poder a qualquer custo, mesmo após a derrota nas urnas.

“O réu Jair Messias Bolsonaro exerceu a função de líder da estrutura criminosa, utilizando-se da máquina do Estado brasileiro para implementação de um projeto autoritário de poder”, afirmou Moraes.

O relator também disse que os atos golpistas não foram espontâneos, mas resultado de uma preparação “violentíssima”, com ações executadas entre 2021 e 2023.

“O Brasil quase voltou a uma ditadura pura, porque uma organização criminosa, liderada por Jair Bolsonaro, não sabe perder eleições”, completou.

Quais são os crimes?

Os réus respondem por cinco crimes distintos:

  • Tentativa de golpe de Estado
  • Abolição violenta do Estado Democrático de Direito
  • Organização criminosa
  • Dano qualificado pela violência e grave ameaça
  • Deterioração de patrimônio tombado

As penas somadas podem chegar a até 43 anos de prisão, dependendo da dosimetria que será definida após o fim da votação dos ministros. Ainda caberá recurso em caso de condenação.

Quem são os réus?

Além de Bolsonaro, também são réus:

  • Walter Braga Netto (ex-ministro e general da reserva)
  • Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
  • Augusto Heleno (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional)
  • Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
  • Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
  • Mauro Cid (ex-ajudante de ordens da Presidência)
  • Alexandre Ramagem (deputado federal e ex-diretor da Abin)

No caso de Ramagem, as acusações referentes a dano ao patrimônio e deterioração de bens tombados estão suspensas até o fim de seu mandato, por decisão da Câmara dos Deputados.

Sessões reservadas até sexta-feira

A Primeira Turma do STF reservou sessões até sexta-feira (13) para a conclusão do julgamento. Estão previstas reuniões pela manhã e à tarde, dependendo do andamento da votação. Caso o julgamento se estenda, os prazos para recursos e a fase de dosimetria devem ser definidos posteriormente.

Por: Wesley Souza

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