
(Imagem: Feira de Caruaru, possivelmente década de 1940
Paulo Santos)
A cidade de Caruaru completa, neste sábado (18), 167 anos como município, localizado no Agreste de Pernambuco, que teve início a partir do ano de 1857. Antes de ser considerada uma cidade por lei, habitavam em Caruaru os indígenas tapuias-cariris de diversas tribos, como os xucurus, karapotós e xocós. Essas tribos deram nomes a diversas localidades que hoje estão situadas na zona urbana e rural de Caruaru como: Caiucá, Itaúna, Xicuru, Murici, Juriti, Juá, Jiquiri, Trapiá, entre outros. Segundo historiadores, há relatos de que em 1602 houve também um quilombo na mesma região.
Existe ainda hoje, por exemplo, uma comunidade remanescente no distrito de Serra Verde, que está em processo de certificação na Fundação Cultural Palmares. Fala-se também de Carapotós, Zamba, Zumba, Brejo da Mulata e Guariba como áreas que possuem população majoritariamente negra há gerações.
Embora houvessem diversos povos vivendo na localidade, Caruaru teve seu processo de povoamento mais marcante no final do século XVII, com a chegada portuguesa dos Rodrigues de Sá. Logo após a fazenda da família passar por diversas gerações, suas terras chegam às mãos de um de seus herdeiros, de apenas 20 anos de idade, José Rodrigues de Jesus – que hoje dá nome a uma das avenidas mais antigas da cidade.
José Rodrigues de Jesus foi o responsável pela construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição, que foi feita em homenagem à sua irmã. A Fazenda Caruru, como era conhecida a localidade na época, era cortada pelo caminho das boiadas, passagem de grande movimentação de boiadeiros e viajantes por volta do ano de 1781. Foi então que Caruaru começou a tomar forma e ter diversos nomes durante sua construção.
No início o trajeto da localidade era utilizado como estratégica para passagem da rota agreste-sertão, especialmente para os vaqueiros e suas boiadas, como também para os mascates e suas mercadorias, trouxe assíduos fregueses para uma incipiente feira organizada pelos moradores da fazenda e dos arredores.
Nessa parte de história já era possível se visualizar o forte comércio que se concentrava na Feira de Caruaru, que se tornou a poucos anos Patrimônio Cultural e Imaterial do Brasil com registro do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A Feira de Caruaru é a maior feira ao ar livre do mundo, composta por 14 feiras, sendo as principais a Feira Livre, a da Sulanca, a de Artesanato e a de Importados.
“Caruaru é uma cidade que nasceu da feira, se expandiu e se consolidou junto com ela. Não há como separar uma da outra, tão dependentes entre si, que compõem um todo orgânico, numa verdadeira simbiose. (…) A Capela de Nossa Senhora da Conceição permitiu o surgimento de um pequeno comércio de rua, que inicialmente colocava à venda artigos de couro e alimentos. Além disso, a realização de festas religiosas, sobretudo as que homenageavam a padroeira, contribui para o crescimento da feira e, simultaneamente, o desenvolvimento da cidade. (…) Ao longo do século 20, com a acessibilidade reforçada pela estrada de ferro e, mais tarde, pelas rodovias estaduais e federais, Caruaru se transformou no polo comercial mais importante da região, posição mantida até os dias de hoje. (…) A pequena feira transformou a área central do povoado, agregando valores econômicos, sociais e culturais, estreitando cada vez mais a ligação da vida cotidiana do lugar com a Feira de Caruaru”.
Dentre as inúmeras mudanças ocorridas ao longo das décadas, além das rodovias, a cidade recebeu uma ferrovia e, em paralelo, foram surgindo novos monumentos, prédios, igrejas, instituições de ensino, indústrias e diversos estabelecimentos comerciais, que potencializam a feira. Hoje, o município se destaca como um dos maiores centros de confecção do país com sua famosa Feira da Sulanca.
Por sua localização estratégica e por suprir as demandas de dezenas de municípios da região que vêm à cidade por conta de seu comércio, serviços médico-hospitalares, educação, gastronomia, equipamentos culturais e de lazer, Caruaru tornou-se um polo. Hoje, é a cidade que mais se destaca no interior de Pernambuco com um crescimento anual do PIB de 3.9%, acima, inclusive, do de Pernambuco e do Brasil. A economia pujante a fez ser reconhecida como a Capital do Agreste, uma verdadeira capital regional.
Culturalmente, o artesanato em barro ganhou ímpeto nas mãos do Mestre Vitalino, artesão ícone do Alto do Moura, bairro que se tornou um dos mais famosos da cidade pela produção de peças de arte figurativa que, em sua maioria, retratam o dia a dia da população da região. Caruaru torna-se também famosa e aplaudida a partir da erudição e da Literatura dos irmãos Condé, além de ser reconhecida como Capital do Forró pela sua famosa festa junina, um evento de proporções inacreditáveis, considerado o maior e melhor São João do mundo!
Caruaru destaca-se também no cenário de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I), sediando, desde 2014, o Armazém da Criatividade, único equipamento do Parque Tecnológico Porto Digital situado fora do Bairro do Recife e que fomenta na cidade a geração de novos negócios inovadores. Por tudo isso, Caruaru figura como umas das mais prósperas cidades de Pernambuco e da região Nordeste, registrando, inclusive, um dos melhores índices de qualidade de vida dentre as cidades brasileiras.
Para celebrar a história da Capital do Agreste, a população poderá acompanhar uma série de atividades que fazem parte da programação para a celebração.
Fonte: Portal Conheça Caruaru