
O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi (PDT), entregou nesta sexta-feira (2) seu pedido de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A saída ocorre em meio à crise provocada pela revelação de um esquema bilionário de fraudes e descontos ilegais em aposentadorias e pensões pagas pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), órgão vinculado à pasta.
“Entrego, na tarde desta sexta-feira (02), a função de Ministro da Previdência Social ao Presidente Lula, a quem agradeço pela confiança e pela oportunidade”, escreveu Lupi nas redes sociais.
Lupi, que também é presidente licenciado do PDT, estava à frente do ministério desde o início do atual governo, há dois anos e quatro meses. Mesmo negando envolvimento nas irregularidades e afirmando que seu nome não foi citado nas investigações, a pressão política e a repercussão negativa do caso tornaram sua permanência insustentável.
A investigação da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União revelou que associações de aposentados vinham cadastrando beneficiários de forma fraudulenta, com assinaturas falsas, para aplicar descontos mensais nos benefícios. O esquema teria causado prejuízos que podem ultrapassar R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Durante a operação, foram apreendidos dinheiro em espécie, carros de luxo — incluindo uma Ferrari —, joias e relógios de alto valor. O principal operador do esquema, segundo a PF, é o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, sócio de 22 empresas registradas no mesmo endereço no Distrito Federal.
Lupi havia sido alertado sobre as irregularidades em reuniões do Conselho Nacional da Previdência Social ainda em 2023, mas só tomou providências quase um ano depois. O caso gerou críticas dentro do governo e acentuou a crise em sua gestão, já marcada por falhas na promessa de reduzir as filas das perícias do INSS.
Na semana passada, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto — indicado por Lupi —, foi demitido. Para seu lugar, Lula nomeou o procurador federal Gilberto Waller Júnior. Já no comando do Ministério da Previdência, o novo titular será o ex-deputado federal Wolney Queiroz (PDT), que ocupava o cargo de secretário-executivo da pasta e também esteve presente nas reuniões onde os alertas foram feitos.
O presidente Lula comentou o caso durante o pronunciamento do Dia do Trabalhador e determinou que a Advocacia-Geral da União processe as associações envolvidas para garantir o ressarcimento às vítimas das cobranças indevidas.
Nos bastidores, a demissão de Lupi era considerada inevitável. A avaliação no Planalto é que, apesar do risco de desgaste com o PDT — um dos partidos da base governista —, a manutenção do ministro comprometeria ainda mais a imagem do governo.