
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne nesta quarta-feira (30) para decidir o rumo da Taxa Selic, atualmente fixada em 15% ao ano, o maior patamar em quase duas décadas. Em meio à desaceleração da inflação oficial, mas com pressões concentradas em itens como energia elétrica e passagens aéreas, a expectativa do mercado é de manutenção dos juros.
Segundo analistas consultados pelo Boletim Focus, a taxa deve continuar em 15% até o fim de 2025, com possível início de cortes apenas em 2026. A Selic chegou ao patamar atual após sete aumentos consecutivos desde setembro do ano passado, quando começou o atual ciclo de aperto monetário.
Na última ata, divulgada em junho, o Copom foi claro ao indicar que os núcleos de inflação seguem pressionados, o que justificaria a manutenção da política monetária contracionista “por um período bastante prolongado”. O Banco Central entende que a demanda interna ainda pressiona os preços, mesmo com o IPCA acumulado em 12 meses tendo desacelerado para 5,35%.
Inflação ainda acima da meta
Apesar da desaceleração em junho (0,24%), o IPCA-15 de julho surpreendeu ao acelerar, puxado pelo aumento dos custos com energia e transporte. Para 2025, o mercado projeta inflação de 5,09%, ainda acima do teto da meta contínua, que é de 4,5% (dentro de um intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo da meta central de 3%).
Com a adoção do sistema de metas contínuas desde janeiro deste ano, a inflação passou a ser avaliada mês a mês, em janelas móveis de 12 meses. Isso significa que o Banco Central precisa manter vigilância constante, sem depender apenas do IPCA fechado em dezembro.
Juros altos e impactos na economia
A Selic é a principal ferramenta de controle da inflação. Serve como base para as demais taxas de juros da economia e influencia diretamente o crédito, o consumo e os investimentos. Juros mais altos, como os atuais, encarecem o crédito e estimulam a poupança, ajudando a conter a inflação, mas ao mesmo tempo limitam a atividade econômica.
Além disso, mesmo com a Selic elevada, os bancos consideram outros fatores ao definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, custos operacionais e margem de lucro.
Decisão sai no fim do dia
A decisão do Copom será anunciada no início da noite. Se confirmada a manutenção da taxa em 15%, o Brasil seguirá com os juros mais altos entre as principais economias emergentes. A nova ata da reunião, com os argumentos detalhados da diretoria do Banco Central, será publicada na próxima semana.
Por: Wesley Souza