
A Operação Contenção, deflagrada nesta terça-feira (28) nos Complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, entrou para a história como a mais letal já realizada no estado. A ação conjunta das polícias Civil e Militar teve como principal objetivo conter o avanço territorial do Comando Vermelho (CV), uma das maiores facções criminosas do país, segundo a Secretaria de Segurança Pública (SESP) e o governo estadual.
De acordo com as autoridades, a operação faz parte de uma estratégia permanente de enfrentamento às organizações criminosas que disputam o controle de áreas na capital e em outras regiões do estado. Os complexos do Alemão e da Penha foram escolhidos por serem considerados pontos estratégicos nessa disputa.
Além de frear a expansão do CV, a megaoperação também tinha como meta o cumprimento de 100 mandados de prisão contra integrantes e lideranças da facção. Desses, 30 alvos são de fora do Rio, incluindo criminosos do Pará que estariam escondidos nas comunidades cariocas.
Entre os principais alvos estava Edgar Alves Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, apontado como chefe do tráfico no Complexo da Penha e considerado um dos criminosos mais procurados do estado. Ele é investigado por mais de 100 homicídios e é classificado pela polícia como de “altíssima periculosidade”. Outro nome de destaque na lista é Thiago do Nascimento Mendes, o “Belão”, operador financeiro do Comando Vermelho e braço direito de “Doca”, que acabou sendo preso durante a ação.
Apesar de ter sido planejada a partir de uma investigação de longo prazo, a Operação Contenção ganhou urgência após um confronto ocorrido na madrugada de segunda-feira (27) no Complexo do Chapadão. Segundo fontes policiais, integrantes do Comando Vermelho tentaram invadir pontos de venda de drogas da facção rival na comunidade da Pedreira, o que levou as autoridades a intensificar o plano de resposta.
A tentativa de expansão do CV para novos territórios acendeu o alerta das forças de segurança, que reagiram com a megaoperação. A troca de informações entre diferentes unidades policiais e a rapidez na execução do plano resultaram em uma das maiores mobilizações já registradas no Rio e também na mais violenta, com dezenas de mortos e feridos, conforme dados preliminares.
O governo estadual afirma que a ação continuará de forma permanente e que novas fases já estão sendo preparadas. O objetivo, segundo a Secretaria de Segurança Pública, é enfraquecer as lideranças criminosas e retomar o controle de áreas dominadas pelo tráfico.
Enquanto isso, organizações de direitos humanos e moradores das comunidades afetadas cobram transparência nas investigações e denunciam abusos cometidos durante a operação. O Ministério Público acompanha o caso.
Por: Bell Pereira