NOVAS DIRETRIZES PARA DIAGNÓSTICO DE HIPERTENSÃO: O QUE MUDA PARA A SAÚDE CARDIOVASCULAR?

Imagem: Freepik

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) e a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH) divulgaram, na última quinta-feira (18), novas diretrizes para o diagnóstico de hipertensão arterial no Brasil, trazendo importantes alterações nas faixas de pressão e nas recomendações de tratamento.

A principal novidade é que a pressão arterial a partir de 12 por 8 (120 mmHg sistólica e/ou 80 mmHg diastólica) passa a ser classificada como “pré-hipertensão”. A hipertensão arterial, por sua vez, segue sendo definida como valores a partir de 14 por 9 (140 mmHg sistólica e/ou 90 mmHg diastólica).

O que é Hipertensão Arterial?

A hipertensão, ou pressão alta, é uma condição crônica caracterizada pela elevação persistente da pressão arterial, o que exige maior esforço do coração para bombear sangue pelas artérias. Esse aumento da pressão pode causar sérios danos ao organismo ao longo do tempo, afetando órgãos vitais como o coração, os rins e os olhos.

De acordo com o cardiologista Pedro Lemos, do Hospital Israelita Albert Einstein, “uma maior pressão arterial é prejudicial no longo prazo, pois aumenta o risco de doenças cardiovasculares graves e pode levar a complicações como insuficiência renal e problemas de visão”.

Causas e Fatores de Risco

A hipertensão arterial pode ter diversas causas. Em aproximadamente 90% dos casos, a doença é hereditária, transmitida de pais para filhos. No entanto, fatores como obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada, tabagismo, consumo excessivo de álcool e estresse também são importantes contribuintes para o desenvolvimento da doença.

Riscos e Complicações

A pressão alta é a principal responsável por doenças cardiovasculares graves, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. Além disso, a hipertensão pode causar lesões em órgãos como os rins e os olhos, resultando em complicações como insuficiência renal e problemas na retina, podendo levar à cegueira.

De acordo com o Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, em 2024, 365.952 óbitos no Brasil foram causados por doenças do aparelho circulatório, sendo a hipertensão o principal fator de risco para essas mortes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 54% dessas mortes podem ser atribuídas à pressão alta.

Sintomas e Diagnóstico

A hipertensão muitas vezes não apresenta sintomas evidentes, o que torna o diagnóstico precoce essencial. Sintomas como dores de cabeça intensas, dor no peito, tonturas e sangramentos nasais costumam aparecer apenas quando a pressão está muito elevada. Por isso, medir a pressão regularmente é fundamental, especialmente para aqueles com histórico familiar da doença.

Em 2023, a OMS revelou que 1 em cada 3 adultos no mundo tem hipertensão, mas metade desconhece sua condição, e apenas 1 em cada 5 segue o tratamento adequado. No Brasil, 45% da população adulta apresenta hipertensão, e 62% dos pacientes em tratamento seguem as orientações médicas.

O que Muda com as Novas Diretrizes?

As novas diretrizes agora classificam a pressão entre 12 por 8 e 13 por 8 como “pré-hipertensão”. Isso significa que quem estiver nessa faixa já corre um risco maior de desenvolver hipertensão e outras doenças cardiovasculares. As intervenções para essas pessoas devem ser rigorosas e focadas em mudanças no estilo de vida, como alimentação saudável, controle do peso, atividade física regular e controle do estresse.

A hipertensão continua a ser definida a partir de 14 por 9, e para aqueles diagnosticados com a doença, o tratamento pode incluir o uso de medicamentos. Os fármacos disponíveis atualmente são eficazes e têm poucos efeitos colaterais, além de estarem acessíveis, inclusive através da Farmácia Popular.

Diagnóstico e Monitoramento

A grande mudança nas diretrizes também envolve o método de diagnóstico. A pressão arterial deve ser medida não apenas no consultório médico, mas também em exames fora do ambiente clínico, como o Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA) ou a Medição Residencial da Pressão Arterial (MRPA).

O MAPA é considerado o “padrão ouro” para o diagnóstico, pois permite medir a pressão arterial de 20 em 20 minutos durante 24 horas, enquanto a MRPA é uma forma mais prática e acessível, onde o paciente pode medir sua pressão em casa durante cinco dias, de manhã e à noite.

Esses novos métodos ajudam a garantir um diagnóstico mais preciso, pois eliminam variáveis como o nervosismo ou outros fatores que podem alterar as medições feitas no consultório.

Prevenção e Tratamento

Para aqueles classificados na faixa de pré-hipertensão, o tratamento inicial envolve mudanças de estilo de vida, como:

  • Controle do peso: IMC abaixo de 25 kg/m² para adultos e abaixo de 27 kg/m² para idosos.
  • Dieta saudável: Reduzir o consumo de sódio e aumentar a ingestão de potássio, seguindo a dieta DASH.
  • Exercícios físicos: Praticar ao menos 150 minutos de atividade aeróbica moderada por semana.
  • Redução do álcool: Limitar o consumo de álcool, com no máximo 2 doses diárias para homens e 1 para mulheres.
  • Parar de fumar: Eliminar o tabagismo, incluindo cigarros eletrônicos e narguilés.
  • Controle do estresse: Investir em práticas de relaxamento como meditação e respiração profunda.

Caso a pressão não seja controlada após três meses com mudanças no estilo de vida, medicamentos podem ser indicados para evitar complicações mais graves.

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