PROTESTOS POR TODO O BRASIL CONTRA A ANISTIA E A PEC DA BLINDAGEM

Imagem: Paulo Pinto/Agência Brasil

Nesse domingo (21), milhares de pessoas tomaram as ruas das principais capitais brasileiras em protesto contra dois temas polêmicos que têm gerado um intenso debate político no país: a possível anistia aos condenados pela tentativa de golpe de Estado e a PEC da Blindagem, proposta que condiciona a autorização do Congresso para processar criminalmente deputados e senadores. A mobilização, que contou com a participação de diferentes setores da sociedade, refletiu um claro posicionamento contra o enfraquecimento das instituições democráticas e a impunidade de figuras políticas envolvidas em atos antidemocráticos.

Um Clamor por Justiça e Democracia

As manifestações ocorreram em 33 cidades, incluindo todas as capitais do Brasil. Em Salvador (BA), um dos maiores atos foi realizado no bairro da Barra, onde a cantora Daniela Mercury se apresentou ao lado de um público vibrante. A artista baiana, uma das vozes mais ativas contra o regime do ex-presidente Jair Bolsonaro, afirmou: “Bandidagem não é com a gente”, em clara referência aos envolvidos na tentativa de golpe.

Wagner Moura, ator e ativista, também participou do protesto em Salvador, celebrando o julgamento dos responsáveis pela tentativa de golpe como um momento histórico para a democracia brasileira. “Nossa democracia botou para ‘lenhar’”, disse ele, exaltando a importância da Justiça no enfrentamento dos crimes contra o Estado.

Em Belo Horizonte (MG), as ruas da Praça Raul Soares foram ocupadas por uma multidão que, além de gritar “sem anistia para golpistas”, se uniu para ouvir apresentações de artistas como Fernanda Takai, da banda Pato Fu. Em Recife (PE), o ato tomou as ruas da Rua da Aurora, no centro da cidade, onde o bloco de frevo Eu Acho é Pouco fez um desfile repleto de música e cultura, com a participação de maracatus tradicionais do carnaval de Olinda.

A PEC da Blindagem e a Imunidade Parlamentar

Em meio aos protestos, um tema se destacou: a PEC da Blindagem, que estabelece que parlamentares precisam de autorização do Congresso para serem processados criminalmente. A medida gerou revolta, especialmente entre aqueles que a veem como uma forma de proteger políticos de suas responsabilidades diante da Justiça. O deputado federal Hugo Motta (MDB-PB), presidente da Câmara dos Deputados, foi um dos alvos principais dos protestos. Ele foi criticado por seu papel na articulação da votação que aprovou a proposta, sendo alvo de gritos como “Fora, Hugo Motta” nas ruas de João Pessoa (PB).

A Luta Contra a Impunidade

O movimento também se mobilizou contra a anistia aos condenados pela tentativa de golpe, com a prisão de figuras como o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos de prisão por crimes como tentativa de golpe de Estado e organização criminosa. Em diversas cidades, a hashtag “Congresso Inimigo do Povo” foi estampada em cartazes e faixas, refletindo o sentimento de desconfiança popular em relação às instituições políticas e ao que muitos consideram uma tentativa de enfraquecer a democracia no Brasil.

Os protestos foram convocados pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, que têm uma forte vinculação com partidos de esquerda, como o PSOL e o PT, além de movimentos populares como o MST e o MTST. A presença de sindicatos, grupos estudantis e movimentos sociais foi fundamental para dar visibilidade às manifestações, que se tornaram um símbolo de resistência contra as ameaças percebidas ao Estado democrático de direito.

Um País Polarizado

Embora a pauta tenha unido diferentes camadas da sociedade, é inegável que a polarização política no Brasil continua a crescer. Para muitos, os protestos representam uma luta legítima pela manutenção das instituições democráticas e contra a impunidade de políticos envolvidos em crimes. Para outros, os atos podem ser interpretados como mais um capítulo da crescente divisão entre a oposição e a base governista.

A questão da anistia e da PEC da Blindagem ainda promete gerar intensos debates nos próximos meses, à medida que o Congresso Nacional continua a discutir os rumos do processo político brasileiro. O que é certo é que a sociedade segue vigilante e cada vez mais ativa, com um papel central nas ruas, exigindo que a democracia, que muitos consideram frágil, continue a ser fortalecida e protegida contra ameaças internas e externas.

As manifestações deste domingo (21) reafirmam que, em um momento de extrema polarização, a resistência ao retrocesso político se faz mais urgente do que nunca. E, mais uma vez, os brasileiros mostraram que suas vozes não serão silenciadas.

Por: Wesley Souza

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