NA MALÁSIA LULA DIZ: “SE DEPENDER DE MIM E DE TRUMP, TEM ACORDO”

Imagem: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (27) que a reunião realizada no domingo (26) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Kuala Lumpur, na Malásia, foi positiva e representou um passo importante na reaproximação entre os dois países. O encontro marcou o início formal das negociações para a revisão das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros desde julho e abriu espaço para um possível acordo comercial nas próximas semanas.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores, as conversas entre as equipes técnicas de ambos os governos começaram já nesta segunda-feira e devem avançar em ritmo acelerado. Uma delegação brasileira composta pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, viajará a Washington na próxima semana para dar continuidade às tratativas. O Brasil deve solicitar a suspensão temporária das tarifas durante o processo de negociação, enquanto as autoridades dos dois países discutem os setores mais afetados pelas medidas e eventuais compensações comerciais.

A reunião entre Lula e Trump foi a primeira conversa formal entre os dois líderes e consolidou um canal direto de diálogo entre Brasília e Washington após anos de distanciamento. Fontes diplomáticas classificaram o encontro como cordial e produtivo, destacando que ambos os presidentes demonstraram disposição para avançar em uma agenda pragmática voltada à recuperação das relações econômicas bilaterais.

Lula teria ressaltado que o Brasil mantém um déficit comercial com os Estados Unidos e, portanto, não haveria justificativa para a aplicação das tarifas, classificadas pelo governo brasileiro como baseadas em informações equivocadas. Já Trump indicou abertura para revisar as medidas, desde que sejam apresentadas propostas que garantam equilíbrio nas trocas comerciais.

Além das questões econômicas, os presidentes discutiram temas políticos e geopolíticos relevantes. Lula abordou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, destacando o impacto do caso no cenário interno, enquanto Trump demonstrou interesse sobre o episódio. A crise na Venezuela também esteve na pauta, com Lula se oferecendo para atuar como mediador em futuras conversas entre Washington e Caracas. O presidente brasileiro defendeu a manutenção da América do Sul como uma região de estabilidade e paz, sem a importação de tensões de outras partes do mundo.

As relações do Brasil com a China foram outro ponto de destaque. Lula reforçou que o país não pretende se alinhar exclusivamente a nenhum bloco internacional, mas sim manter uma política externa independente, com foco em múltiplas parcerias e equilíbrio nas relações comerciais.

De acordo com o Itamaraty, o encontro em Kuala Lumpur também resultou em um entendimento sobre a necessidade de visitas recíprocas. Trump manifestou interesse em visitar o Brasil, enquanto Lula confirmou que pretende viajar aos Estados Unidos em breve, embora as datas ainda não tenham sido definidas.

A aproximação entre Lula e Trump é considerada significativa por diplomatas e analistas internacionais, pois representa uma tentativa de reconstrução de pontes entre as duas maiores economias do continente. O diálogo direto entre os presidentes pode abrir caminho para um novo capítulo nas relações comerciais e políticas entre Brasil e Estados Unidos, após um período marcado por tensões e tarifas elevadas.

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