Coronavírus: Caruaru tem potencial de propagação da doença parecido com o de capitais

É preocupante e lamentável, mas é a realidade em nossa Capital do Forró, se deparar com números alarmantes de casos de Coronavírus em nossa cidade.

Caruaru, um dos principais centros econômicos e rota de turismo em Pernambuco, ultrapassou a marca de 700 pessoas infectadas pelo novo coronavírus acumulando 56 mortes, está sendo apontada como cidade do interior que tem potencial de propagação da covid-19 semelhante ao de capitais. A análise vem de um estudo feito por pesquisadores das universidades Federal de Ouro Preto e Estadual Paulista (Unesp), em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. O levantamento, fruto de um projeto apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, revela que, assim como Caruaru, Ribeirão Preto (São Paulo) e Campina Grande (Paraíba) também podem ajudar a acelerar a interiorização da epidemia de covid-19, ao servirem de rota para disseminar a doença para outros municípios com os quais têm conexões.

Se fizermos um recorte de cada macrorregião de Pernambuco, observamos que os casos da infecção têm extrapolado, dia após dia, a Região Metropolitana do Recife. O Agreste, o Sertão, o Vale do São Francisco e Araripe vivem agora o que a capital pernambucana vivenciou em março. Os municípios do interior querem mais tempo para preparar hospitais voltados a pacientes graves. A questão é que justamente agora muitas cidades colocam em prática o relaxamento das medidas de isolamento social – a principal intervenção para reduzir as infecções pelo novo coronavírus. Ou seja: mal a onda epidêmica dá sinais de estabilidade no Recife, o interior já pensa na retomada de atividades, num momento em que a assistência hospitalar de suas macrorregiões ainda se estrutura para receber pacientes em leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) e enfermaria.

Em muitos dos municípios pernambucanos que se conectam a outros, a força da conexão (em termos de mobilidade de pessoas) pode criar destinos com mais e mais casos da doença. “Temos um fluxo de gente muito grande em Caruaru, que vem de outras cidades do interior ou que sai do Recife para lá. Há ainda pessoas que moram na capital e vão para o interior. Por isso, a BR-232 foi o grande vetor de espalhamento (do novo coronavírus), pois muita gente tem essa vida dupla. A rodovia ajudou na transmissão, levando infectados do Recife para o interior e continua com esse potencial”, destaca o professor Jones Albuquerque, pesquisador do Laboratório de Imunopatologia Keiso Asami (Lika) da Universidade Federal de Pernambuco.

Uma análise dos índices de isolamento social revela que as principais cidades do Sertão pernambucano não conseguiram chegar a 40% na terça-feira (2). Arcoverde, Salgueiro, Serra Talhada e Petrolina tiveram, respectivamente, 38,7%; 37,8%; 36,7% e 38,3%. Já em Caruaru, que atende boa parte dos doentes dos municípios vizinhos, o índice de isolamento social foi de 41,7% – ainda baixo para contribuir com a desaceleração da curva epidêmica.

O Hospital Mestre Vitalino (HMV), em Caruaru, já atendeu 115 pacientes que tiveram diagnóstico confirmado da doença, além de demais casos que estão em investigação e permanecem internados na unidade. Se fizermos um recorte dos óbitos (um indicador de gravidade da infecção), 34 pessoas perderam a vida para a covid-19 no HMV. Eram moradores de diversas cidades (além de Caruaru), como Vitória de Santo Antão, São Lourenço da Mata, Arcoverde, São Caetano, Flores, Sairé, Jurema, Recife, Quixabá, Lagoa do Itaenga, Custódia, Jataúba, Catende, Lagoa do Carro, Gravatá, Bonito, Camocim de São Félix, Cupira, São Bento do Una. A diversidade de localidades mostra a importância de Caruaru na assistência a pacientes de municípios vizinhos – e até mais distantes.

Na quarta-feira (3), em entrevista coletiva online, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo, garantiu que o governo continuará a abrir leitos para os pacientes com suspeita e confirmação de covid-19 no interior. “Na segunda macrorregião, que engloba o Agreste, são 142 vagas, sendo 68 de UTI e 74 de enfermaria, distribuídas entre o HMV, o Regional do Agreste, o Dom Moura e a UPAE (Unidade Pernambucana de Atendimento Especializado) de Garanhuns. O Mestre Vitalino tem 40 desses leitos e, até segunda (8), ganhará mais dez vagas de UTI e outras dez quando os próximos respiradores chegarem”, assegurou.

Mais de 3 mil vítimas fatais
Com mais 79 óbitos confirmados laboratorialmente, na quarta-feira (3), em Pernambuco, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgou, em boletim epidemiológico, que 3.012 pessoas já perderam a vida em decorrência de complicações da covid- 19. A maioria das mortes (1.120) foi no Recife, e as cidades do interior já começaram a registrar diariamente um aumento no número de óbitos. Caruaru, Garanhuns, Gravatá, Arcoverde e Petrolina já confirmaram, respectivamente, 56, 15, 17, 13 e 10 mortes. Outros municípios do Agreste e do Sertão também já aparecem no mapa de vítimas fatais do novo coronavírus, o que nos faz inferir o quanto a onda epidêmica tem penetrado com gravidade em todo o território pernambucano. Só de casos graves da doença, já há confirmação em 164 municípios, além do Arquipélago de Fernando de Noronha.

“Fizemos reunião ontem com a Amupe (Associação Municipalista de Pernambuco) e representações de prefeitos das quatro macrorregiões do Estado e discutimos todos esses números (relativos a casos e óbitos). Fizemos uma apresentação ampla, e o governador se comprometeu a fazer cada vez mais análises regionais para eventualmente tomarmos medidas que possam ser setorizadas dentro das fases (do plano de retomada das atividades) previstas. Mas, neste momento, consideramos precipitadas qualquer medida ousada no sentido de abertura (da economia) para além daquilo que o Estado planejou”, frisou, em coletiva de imprensa online, o secretário de Saúde de Pernambuco, André Longo.

Ele acrescentou que o governo ficará atento aos dados desta e de próximas semanas, a partir de análises das macrorregionais, para se ter segurança na tomada de decisões, “especialmente quando se envolvem municípios importantes das macrorregionais de saúde”. Os indicadores da pressão sobre o sistema de saúde, segundo Longo, também estão em monitoramento.

Do JC.NE 10

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